Arc"thanks" ki !!

Arc"thanks" ki !!
Thanks to Tomasz and Michal of Arctowski Polish Antarctic Station

22 e 23 de Março - a Saga do retorno

15 de Março - a redenção

2010/03/16

13 a 15 de Março - entre churrascos e mergulhos

13-15 de Março - Sábado (13/03), seguimos com leitura de artigos, tentativa de obter preparações para microscopia das esponjas coletadas pelo César na Patagonia chilena (vejam postagem em http://proyectoesponjas.blogspot.com), e por fim, vendo aquele mar calminho ... resolvi fazer nova tentativa de entrada n'água, agora para testar também a câmera. Welington no apoio, desta vez tudo foi mais fácil, do entrar na roupa ao meter a cara n'água. A maré estava bem baixa, e assim, pela 1a vez pude observar um pouco do infralitoral. Uma alga aqui outra ali, um monte de isópodes minúsculos em "cardume", e a estrela do mergulho, um ctenóforo meio arrebentado. Melhor de tudo, com direito a algumas fotos e filmagens, das quais lhes pouparemos. Afinal, leve feito um balão, as marolas me transformaram em um iô-iô, com a consequência de que os vídeos e fotos estão censurados.

 A estação (EACF) mostra suas garras. Bela escultura consequencia do frio que imperava.

E voltamos para a água, desta vez com câmera em punho. A mesma embaçou um pouco, o que serviu de dica para como prepara-la para um mergulho oficial - mante-la no frio algumas horas antes do mergulho.

Domingo (14/03), dia dedicado à faina de ataque ao churrasco, para o qual haviam sido convidados os poloneses. Nossa expectativa era grande, pois dissera-nos o chefe Glênio que viriam dois mergulhadores, com os quais deveríamos conversar. E não deu outra! Iniciamos o ataque antes do reforço polonês, com destaque para captura e ingestão de alguns pedaços de carne de sol com manteiga de garrafa - uma verdadeira jóia da coroa em território antártico. Logo estavam chegando os 15-20 poloneses convidados. Por sorte perdi minha aposta com o Wé. Um dos mergulhadores não era o gigante de barba e aspecto de bárbaro, mas os gigantes de cavanhaque, e aspecto mais dócil. Tomasz Janecki (XG), o chefe da Estação Arctowski, e Michal Adamczyk (XXG), que entendi como sendo contratado para prestar serviços de mergulho. Do lado feminimo, uma tropa de louras, dentre as quais, naturalmente, em pleno churrascão, uma vegetariana ...

Cmte. Schumann (responsável pela logística do PROANTAR), entre os poloneses Michal (esquerda) e Tomasz, ambos mergulhadores. De nossas conversas surgiu de imediato o convite para mergulhar com eles no dia seguinte, que tinham planos de faze-lo de todos modos, e além do mais, possuiam equipamento completo para quatro pessoas, o que permitiria sanar as deficiências decorrentes da permanência de nosso equipamento no Ary Rongel. Tudo dependia da confirmação de tempo bom para o dia seguinte, e que o Chefe da EACF (Glênio) encontrasse condições de montar a logística envolvida no transporte para Arctowski (mínimo de dois botes e quatro tripulantes do GB). À noite escutamos extasiados que a previsão para toda a 2a f era de vento zero a próximo de zero - condições ideais!

Na reunião diária de 20:30h para planejamento do dia seguinte, descobrimos que havia mais interessados em ir para os lados de Arctowski, o que mais que justificou a montagem da operação. Eu e Welington íamos para o mergulho, três meninas iam pescar (Mariana, Priscila e Tânia) e Juliano ia ajudá-las, e Fernando iria desbravar o entremarés na esperança de encontrar invertebrados. Achamos um horário de maré que era mais ou menos conveniente para todos, e decidimos que a hora de saída da EACF seria às 11:00h.

Segunda-feira (15/05) - Logo cedo partimos para o check-up de cada peça do equipamento. Tanto o principal, que seria usado por mim, quanto o extra, que comporia o kit do Welington. A câmera havia passado a noite ao relento, dentro de uma estufa abandonada, e estava mais que aclimatada. Chegando próximo à hora conseguimos um "taxi" (quadriciclo pilotado por membro do GB) para levar a Marfinite até o bote na beira da praia. Nada mais prático! Os botes eleitos foram o Megakrill e um Foca-Leopardo, que só levava o Sub-chefe da EACF e o alpinista "Baixo", para alguma eventualidade. O mar estava um espelho e o frio uma navalha. Não havia gorro que protegesse. Se não tapo o nariz, congelo. Se o tapo, não vejo nada, porque o óculos embaça. Uma maravilha ... Mas entre um esquema e o outro, ia registrando aquela paisagem  deslumbrante na córnea e no cérebro, e um pouco também em meio digital, ou pobres de nossos seguidores. Como fica a divulgação científica? Não vá me dizer que vocês são do tipo que acham que cientista de verdade é aquele de jaleco segurando uma micropipeta em um laboratório clean, cercado de equipamentos que parecem cada qual custar mais que seu carro!! Ciência também se faz de sandálias havaianas, ou de nariz congelado! Vejamos um pouquinho deste outro lado da ciência.

Caminhando na praia na maré baixa, chegando junto ao ponto de onde partiria o Megakrill, reparamos que a praia estava coalhada de krill encalhado. Um camarãozinho interessante, com seus 5 cm de comprimento.

Eduardo entrando no clima - começando pela parte de baixo.

Pontapé inicial - uma tremenda prosopopéia logística para colocar o bote no mar. Reparem nesse mar!

O foca-leopardo a nosso lado, já cruzando a parte central da Baía do Almirantado, com uma profundidade de 300-400 m. Ao fundo, no canto direito, a Enseada Mackellar, onde se encontra a base peruana de Machu Picchu.

Chegada à Arctowski Polish Antarctic Station, onde descobri que o Sr. Arctowski, falecido em 1958, depois de vários anos de serviço na Smithsonian Institution, foi um dos integrantes da pioneiríssima expedição do Bélgica, comandanda por Adrien de Gerlache.

Dominique, eu e Welington, já no bote de Arctowski, a caminho da Ilha Dufayel na Enseada Ezcurra. Aqui ainda estávamos no lombo do reboque a trator.

A marcha lenta provocada pelo excesso de gelo nos propiciou alguns momentos indescritíveis de relacionamento com esta baleia minke, que parecia disposta a construir uma amizade conosco. Ela foi se aproximando de nosso bote até que praticamente podíamos encostar-lhe a mão. Foto W. Viera (vejam o vídeo!)

Uma foco alheia ao ronco de nosso motor. Talvez pensasse que tratava-se de outra foca dormindo seu sono pesado. Nossos colegas poloneses ficaram na dúvida entre foca-caranguejeira e foca de Weddell. 

Já na Ilha Dufayel - todos prontos para o mergulho, ou para aguardar nosso retorno, o que se deu 30 min após. Um mergulho complexo, que exige alguns diferenciais relativamente aos mergulhos normais, mas nada que não tenha dado para assimilar com 3-4 frases ditas de forma bem clara pelo Michal ainda na estação. (1) dois reguladores selados. (2) só respirar após submergir o primeiro estágio. (3) só inflar roupa e BC com jatos curtos de ar-comprimido. (4) iniciar a subida com 80 bar. Os tanques eram de aço inox, 15L. Eu carregava além deste, 19kg de chumbo e a câmera fotográfica. Resultado, me senti um mega membro da meiofauna. Me custou praticamente metade do mergulho conseguir equilibrar a flutuabilidade com os tais jatos curtos de ar-comprimido.

Isso não é foto-montagem. Estávamos realmente prestes a submergir nesta mescla de água e gelo.

20,9m de profundidade (chegamos a 25), 8 min de mergulho (chegamos a 30), 2°C. Acho que isso é o mais quente que a água podia estar. Até nisso estávamos com "sorte"!

O primeiro animal digno de nota foi esta anêmona, com diâmetro de uns 15-20cm. Bonita e comum.

Mas o megulho só começou a esquentar mesmo depois que começaram a aparecer as primeiras esponjas. Essa, uma possível Dendrilla antarctica Topsent, 1905. 

E essa estrelinha? Que tal? A escala branca tem 5cm, consequentemente a estrela tem bem mais que 50cm de diâmetro. A tal da simetria pentaradiada foi esquecida em alguma das curvas do caminho, suponho.

Welington não mergulhou porque a roupa XG e XXG dos poloneses não lhe servia. Mas obviamente curtiu. Aqui, nossa saida da Ilha Dufayel, e início de retorno à Arctowski.

Tomasz (de pé) e Michal no caminho de volta à Arctowski. Os dois foram super companheiros debaixo d'água, ajudando-me com o cinto de lastro que insistia em não segurar em minha "cinturinha de pilão". Não, peraí!! Eu não tenho cintura?! Mas como?! A roupa (DUI TLS350) é que é lisa que nem manteiga!!

Isso é mar ou uma poça de água estagnada? Este foi o visual da despedida da Enseada Ezcurra. Bem dizia o Sub-chefe Lôbo: "Ezcurra é o lugar mais lindo da Baía do Almirantado". Nós assinamos embaixo.


2 comentários:

  1. Que beleza, fico feliz com as boas notícias, estou na torcida para que as coisas continuem melhorando. Boa sorte para ambos

    ResponderExcluir
  2. O Day After The Dive virou com rajadas de vento na casa dos 65 nós e todas as atividades externas descartadas. O clima segue ruim, com ondas, visibilidade reduzidíssima, muito vento e neve, hoje também. Assim que as perspectivas para novos mergulhos não são as melhores.

    ResponderExcluir

Comentários são bemvindos

Estações de Mergulho 2008-2009

Estações de Mergulho 2008-2009
adaptado de SIMÕES JC, ARIGONY NETO J & BREMER UF (no prelo)