Arc"thanks" ki !!

Arc"thanks" ki !!
Thanks to Tomasz and Michal of Arctowski Polish Antarctic Station

22 e 23 de Março - a Saga do retorno

15 de Março - a redenção

2010/03/12

11 e 12 de Março - chegada à EACF e primeiros passos no Oceano Austral

11-12 de Março – Chegamos à Baía do Almirantado e à EACF. A 4ª f foi tomada pela apresentação, pelo Chefe Glênio, das normas e procedimentos da estação, um super almoço com direito a quindim (!!) de sobremesa, a instalação no Laboratório 4 e alojamento da biblioteca (é, ainda não dá para dizer que consegui um camarote), e à noite, coquetel de boas vindas para o novo GB (Argo). Na célebre reunião diária de planejamento de atividades para o dia seguinte, nos foi informado que teríamos ventos de não mais que 20 nós pela manhã, e zerados à tarde, o que viabiliza a realização de todas as atividades externas. Pedimos então permissão para testar a roupa de mergulho em frente à estação, o que foi aprovado sem necessidade de maiores argumentações. À noite, pela primeira vez em minhas estadas na EACF, uma nevasca que garantiu chão branco e poças congeladas na manhã seguinte. Este era o cenário armado para nossa primeira intromissão nas águas do Oceano Austral.

Amanhecer de 11/03, visto do Amte. Maximiano, com Punta Ullman à frente. O disco de luz seria algum efeito óptico sobre a lente da câmera?

A 5ª f se iniciou com nova rodada de ajustes na roupa seca e acessórios, para que o risco de alagamento fosse o mínimo possível, e garantia de conforto térmico, o oposto. O arsenal de defesas contra o frio inclemente inclui uma série de títulos, todos em inglês. A, dita, primeira capa, fabricada no Brasil, é de Polartec® Power Stretch®. O macacão térmico da DUI é confeccionado com Thinsulate Ultra™ (3M) de 400g/m2, protegido com AEGIS Microbe Shield®. O tema da propaganda da roupa seca é o seguinte (traduzido do inglês): “Se você é um Nadador de Resgate da Guarda Costeira dos Estados Unidos saltando de um helicóptero, um mergulhador técnico mapeando um novo sistema de cavernas, um mergulhador científico na Antártica, ou um mergulhador recreativo em qualquer final de semana, a (roupa) TLS350 pode lhe levar onde ninguém jamais chegou.” Que tal? Sua confecção é baseada em um trilaminado composto por nylon – borracha butílica – nylon. Apesar de toda esta tecnologia, havia um ponto obviamente fraco em nosso plano – a proteção facial. A cabeça não mergulha seca. Minimiza-se o tanto que ela vai molhar, mas é isso. E nosso plano era mergulhar com máscaras convencionais.

Eis o cenário preparado pela nevasca da véspera para nossa primeira incursão ao Oceano Austral. Tapete branco da EACF até a beira d'água.


Área escolhida inicialmente para a entrada, depois trocada por outra um pouco mais à direita. Desta distância não se enxerga com clareza a grande quantidade de "gelo casca de banana" que deveria ser atravessada antes de alcançarmos o mar.

Por volta de 10:00h eu estava pronto para tentar. Saímos caminhando pela neve, escorregando aqui e ali sobre o gelo, eu de cobaia polar, Welington de “cameraman”. Nos afastamos um pouco na direção do heliponto para escapar da grande quantidade de gelo acumulado em frente à EACF, mas também porque já que íamos para o “paraíso infernal”, que pelo menos houvesse alguns icebergs decentes para compor o enquadramento. E aí começou. Pisar na água foi fácil. Molhar a canela também. Caminhar até um iceberg próximo, com água acima do joelho, idem. Ajoelhar-se na água e molhar as costas e a barriga, a mesma coisa. Era hora de enfiar a cabeça na água. Tchibum! Máscara embaçada, cara congelada, água meio turva, fundo de pedregulhos e nada mais, decididamente não era uma experiência das melhores... Aí começa a doer a bochecha, a testa, etc, etc, etc, ... Dei uma boiadinha de costas, e pronto, hora de sair e buscar outros icebergs para novas fotos. Não quis interromper a sequência de avanços batimétricos, mas agora posso contar. Foi eu entrar 5 cm dentro d’água para o Welington gritar: “Tu viu?!?!?” Não, eu não tinha visto nada pois a máscara estava embaçadézima e eu estava ainda obviamente sem óculos. Diz ele que havia uma MEGAfoca poucos metros atrás de mim...Talvez tenha sido melhor não ver mesmo.





No tríptico acima, três momentos da incursão: desembaçamento da máscara, aproximação ao iceberg e o mais importante, CRT (Cheek Resistance Test)

Eduardo, feliz por estar junto a um iceberg e praticamente 95% sem frio.


Notem que com este capuz, até falar é uma tarefa cansativa, pois o neoprene entra na boca e precisa ser retirado com as luvas de elefantíase (modelito: Tato Zero). 


Eduardo se sentindo um grande bloco de gelo seco fumegante na hora da rinsagem da roupa.

À tarde era a vez de Welington tentar. Colocar a roupa foi bem mais fácil para ele, mais elástico e compacto. E a mim, cabia preparar-me para desempenhar satisfatoriamente a função de “cameraman”: calça, casaco corta vento e luvas impermeáveis The North Face, gorro brucutu, botas Caribou, e máscara de Antoine de Saint Exupéry Esta última só para constar, pois o embaçamento do óculos é tamanho, que Welington estaria mergulhando para um lado e o “cameraman” fotografando o outro. Welington queria ir na direção da Baleia do Cousteau, na esperança de deparar com alguns pingüins pelo caminho. Custamos a encontrar um ponto mais fácil para vencer a barreira de gelo, e quando o encontramos não havia icebergs magnânimos como os que eu elegera pela manhã. Mas lá foi Wé. Andou, sentou, se ajoelhou, e depois, “tchibum”. Disse que viu até umas salpas (tunicados planctônicos). Cara de sorte. Eu só vi pedras. Super dia! Roupas secando na sala “Rio 40°” e nós curtindo uma internetzinha básica, pois como bem nos alertou o Chefe Glênio, o sinal pode cair a qualquer momento e ba-bau.

E não é que caiu mesmo!MAs por sorte retornou a tempo de ainda postar isso hoje, fresquinho, ou melhor, HIPERfresco!

Welington também passando na prova, enquanto se perguntava quanto tempo será possível congelar as bochechas até que seja irreversível e sejamos forçados a partir para um desbochechamento, ou bochechotomia.


Bem ao lado da EACF, onde nesta mesma época só havia o chão de pedregulhos, esta impressionante parede de gelo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são bemvindos

Estações de Mergulho 2008-2009

Estações de Mergulho 2008-2009
adaptado de SIMÕES JC, ARIGONY NETO J & BREMER UF (no prelo)